sábado, 12 de julho de 2008

Se Sou

num sei se faz sentido pra você
pra mim faz
pra mim tem um sentido imaterial e cristalino
envolto em felpa vegetal quente e macia

num sei se pra vc aparece
pra mim parece que sim
parece uqe está lá
entre todas as brumas

algo que resplandece
entre todos os tijolos esfarelados
entre todas as incapacidades
e inaptidoes
tem um que assobia
como um bem-te-vi

bem te vi
bem te vejo
bem me vejo
bem

meu bem

aparento estar vazio
porém estou cheio de ruinas
não ruinas, mais precisamente cheio de materia prima

o caos não é ordem
e a ordem não existia
a ordem da inexistencia de agora é a unica que conheço
e me perco nela

se um gaucho anda a cavalo nos pampas
se um ogun salva almas ignorantes
se um pescador conta a seus filhos que viu uma sereia
se eu sei pegar um lapis e traçar uma linha reta

que me corte os cilios antes de entrar nas minhas pupilas
que me extenda até o infinito e me contenha no tudo que sou
se eu sei atirar uma flecha

não atinjo nada, além de mim
meus ultimos demonios são eu mesmo
e eu não os conheço até o fim

traço a linha como quem anda
como quem fala
como quem diz
eu te amo

traço o eu
em você
e sem imagens e somente de sentimentos pinto
pinto o nós

pois sentimentos são tudo que sou agora
e até eles serem mais, e se embasarem no eu firme como arvore
até lá sou eu
até lá sou meu pé e meus cigarros

e até lá te tenho ao lado
até lá os tenho ao lado

se um menino anda pela rua segurando um galho de mangueira
se esse menino nunca jogou bola
se nunca jogaria

se eu fosse passaro
se eu sou homem

se eu condiciono o ser ao ser
sou homem
sou passaro
sou flecha e linha
sou tinta, pé e cigarros
sou pois fui e serei

sou eu