terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Termochemistry

Bubbling under a surface
Freezing on a gaze

The carnea feels like present tense
The lent feels like sacifice, at last
The days slither around like creepy snails
Carrying clocks on their backs

Riding a horse, a rider chops down roofs and tops
Coming from a small forest the foreboding winds of winter chant

Winter is coming
CO2 fills the air
SO2H2 drills holes in the shields
Things drip like melting

Winter is comming
H2O filling every pore, and falling out of cracks in the middle of the hair
COH sits looking back at me and waves a gentle hand

Names look at me and turn away
The white of the paper refuses my pen
The fabric of a canvas evades the brush

The mind, the my-nd, the body, bod-you, strugle
Barbed wire, scapulae, cranium
Guanine
Timine
Uracile
Cistosine

Skid off the way
Eyes wide shut
Hair pulled back and locked out of sight

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Chuva


o ceu ta chorando

o ceu ta berrando com força


o ceu se abre e todo mundo chora pra ele

mas é hora dele devolver o que lhe foi confiado


e desvirginar um ar sujo e estagnado

de tirar o veu velho e colocar um veu novo nos nossos olhos


trazer por alamedas por penas de passaros

e por cabelos e por olhos


trazer o que lhe foi deixado

e sem mais nada, sem pedir nada em troca


sem exigir de nos retribuição

ou taxa ou pagamento ou palavra criada por homem


deixamos nosas roupas na soleira da porta

corremos nus por uma floresta de caules interminaveis e translucidos


deixamos nossos olhos onde eles se abraçam

deixamos nossas bocas onde elas ficaram


deixamos afinal tudo quanto não somos pra tras

e deixamos tudo que somos onde lhe cabem seus lugares


seus lugares onde seus braços enlaçam a agua que me beija

seus ombros onde a agua encontra seu lugar adequado


um cavalo nos guia por asfalto esfarelado

seu pelo se mistura ao cinza da chuva citadina


o reino alagado de rios novos criados por homens

some junto com nossas roupas


some junto com o resto

que é so o que restava


e que agora não passa de nada


o nada na chuva

domingo, 3 de fevereiro de 2008


"Cautelosamente a princípio, com indiferença depois, com desespero no fim, errei por escadas e pavimentos do inextricável palácio. (Depois averigüei que eram inconstantes a extensçao e a altura dos degraus, fato quem me fez compreender a singular fadiga que me infundiram.) "Este palácio é obra dos deuses", pensei primeiramente. Explorei os inabitados recintos e corrigi: "Os deuses que o edificaram estavam loucos"."
(Borges)
os intrincados espaços da mente se enchem de agua
a agua expulsa a bruma
a bruma leva os sonhos
os sonhos se esvaem em lagrimas
e novamente a agua toma conta de algo que antes era permanente
talismãs contra caes de guarda
feixes de palha secos e mortos de fome
tudo escorre atravez dos riscos feitos nas costas das mãos
folhas de papel manchadas de tinta escorrendo como suor
trechos de estradas trincadas e rachadas
doces invasões em terras antes conhecidas
agora modificadas
doses de intromissoes feitas em novas colheitas
agora revividas
doces doces invasoes barbaras
invalidando invalidez
invalidando barbarismos
velhas vilas italianas banhadas de sol e ruinas
pedras sabão e marmore rosa
trilhas atravez de relva
forçando trincos de escotilhas
estourando barragens
soltando peixes, aves e barcos
pro mar
pra serem invadidos novamente
pela agua
por si mesmos